Tribuna Livre: pais demandam na Câmara retorno das aulas presenciais em 2021

Nesta semana, representantes de um grupo de pais se manifestaram na Tribuna Livre reivindicando o retorno das aulas presenciais a partir do ano que vem, de forma optativa. No Plenário, pessoas vestindo roupas amarelas representavam o movimento "LugardeCriançaénaEscola. Para ampliar o debate, a Câmara Municipal agendou uma audiência pública para o dia 16 de dezembro, às 19 horas, com transmissão ao vivo pela TV Câmara.

Tribuna livre

Na sessão ordinária dessa segunda-feira (07), a primeira a se pronunciar foi a mãe Leandra Uenaka, que disse estar representando mais de 300 famílias com alunos nos colégios Paula Frassinette, NESFA, Crescer, Galileu, Objetivo, Caixinha de Surpresa, escolas estaduais São José, Interventor Noraldino Lima, Clóvis Salgado, e municipal Prof. José Carlos Maldi, organizadas por meio de rede social.

"Esclareço que nossa pauta é única e defendemos o retorno opcional das aulas presenciais, com protocolos de segurança, para os que querem, que podem e os que precisam do retorno das aulas presenciais. Deste modo, o nosso pedido não viola o direito daqueles que desejam, precisam e podem assistir as aulas remotas em seus lares", disse Leandra. Ela também requereu que os vereadores "materializem legislativamente a possibilidade do retorno às aulas presenciais optativas para o início letivo do ano de 2021, do ensino público e privado, proporcionando às crianças o direito a uma vida escolar segura e emocionalmente saudável".

O próximo a se manifestar foi o médico Daniel Figueiredo. Segundo ele, trabalhos científicos ressaltam a importância das medidas protetivas dentro de sala de aula, mas há pouco contágio e adoecimento de crianças por conta do novo coronavírus, também com baixa mortalidade. Ele também apontou os malefícios da falta de aulas: "na minha prática clínica, tenho visto sistematicamente crianças que engordaram; muitas deprimidas, com ansiedade. Sequelas que durarão por quanto tempo?".

Ao falar sobre estudos relacionados ao contágio no ambiente escolar, Figueiredo afirmou que há capacidade de identificação e restrição do contágio "por um sistema de bolhas, onde se tem grupos específicos de crianças, e caso uma delas venha a ter a doença, o contágio é abreviado". E defendeu: "vejo pais e professores dizendo que só haverá aula com a vacinação, isso é utópico. A vacinação no Brasil ainda nem sequer foi autorizada ou aprovada pelos órgãos reguladores; ou seja, não há previsibilidade de vacina e não há testagem de vacinas em crianças. Venho dizer que o retorno programado e opcional às aulas é seguro, desde que seja feito de forma responsável. Acredito que os professores, donos das escolas e diretores das escolas públicas têm capacidade logística de se organizarem para o retorno paulatino às aulas; logicamente sem expor pessoas que fazem parte do grupo de risco".

O último a usar a Tribuna foi o psicólogo e servidor municipal Luiz Guilherme da Silva, que também se manifestou como pai. "Não estávamos preparados para uma pandemia. Daqui para a frente, precisamos pensar em um planejamento para que as aulas possam retornar de maneira presencial, ainda que optativa. A escola, antes de tudo, é o principal meio de socialização das nossas crianças, onde elas vão aprender a viver em sociedade. Precisamos pensar no bem-estar das nossas crianças. A partir do momento que a gente conseguir sair dessa questão de emergência sanitária, vamos ter emergências sociais, psicológicas...", afirmou.

Silva também pontuou que "estamos num momento de risco sanitário muito grande, temos medo, mas é importante que esse medo não nos paralise a começar a pensar opções para voltar a viver nossa vida o mais normal que pudermos“. Em seguida, crianças presentes na sessão expressaram no Plenário a sua opinião. Alice Montans, Felipe Martins, Maria Lara Colozzi (alunos do Colégio Paula Frassinetti) e Eduarda Aguiar (Colégio Caixinha de Surpresa) disseram estarem ansiosos para voltar para a escola e que o aprendizado é diferente no ambiente virtual.

Vereadores

Os vereadores se posicionaram a favor do retorno das aulas presenciais de forma híbrida, não obrigatória e gradual, mas destacaram as diferenças entre as escolas particulares, mais preparadas para seguir os protocolos de segurança, e as escolas públicas, nas quais são necessários investimentos para garantir a segurança dos profissionais e alunos. A pedido do vereador Marcelo Morais, a Comissão de Saúde da Casa deverá visitar Divinópolis para conhecer as medidas implantadas nas escolas.

Os vereadores também pontuaram que o debate é amplo e que os pais devem participar efetivamente, assim como devem ser ouvidos todos os envolvidos. Por sugestão do vereador Sérgio Gomes, uma audiência pública foi agendada para discussão sobre o assunto no dia 16 de dezembro, às 19 horas, no Plenário da Casa. O presidente Lisandro Monteiro ressaltou que o Legislativo está aberto à discussão com o compromisso de escutar todos os lados.