Segurança nas escolas é preocupação constante da Câmara Municipal

A segurança nas escolas tem sido alvo de preocupação constante pelos vereadores paraisenses. Em sessão ordinária realizada no final de outubro, representantes do órgãos de segurança pública foram convidados para tratar do assunto na Tribuna da Casa. Recentemente, o investigador da Polícia Civil Roney Vilaça já havia sido convidado com o mesmo objetivo, ocasião em que foi homenageado. A Câmara também já realizou reunião sobre a questão em abril deste ano, quando o problema começou a ganhar notoriedade  e alarmou a comunidade.

Órgãos de segurança pública apresentam ações preventivas realizadas durante o ano

A convite do Legislativo, compareceram à sessão ordinária do dia 23 de outubro o comandante do 43º Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Fábio Assis Chiaradia Araújo Silva; o capitão da PM, Júlio César Prata; o delegado da Polícia Civil, dr. Rafael Souza Gomes; o investigador da Polícia Civil, Roney Vilaça; e o secretário municipal de Segurança Pública, Trânsito e Transporte, João Paulo Bueno.

O tenente coronel Silva e o capitão Prata informaram que a Polícia Militar reforçou seu trabalho de inteligência e identificou 36 celulares que participavam de um grupo virtual de adolescentes que espalhavam informações falsas. "Seis eram os organizadores, fomos na casa de um por um e apreendemos os celulares, pais não sabiam que filhos estavam naqueles grupos", disse Silva.

Falaram também que a corporação investiu na patrulha escolar e, agora, o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) conta com viatura própria. "Criamos uma rede de proteção com todos os diretores das escolas. Todas as demandas são atendidas de pronto quando alguém posta alguma coisa nesse grupo", disse Silva, lembrando que a PM atende a 15 municípios da região. Essa rede conta, hoje, com 94 pessoas, entre elas Polícia Civil, Guarda Municipal, membros do Poder Público Municipal, diretores e professores, entre outros.

Ao total, conforme Prata, foram registradas 552 ações preventivas nas escolas desde abril. Para combater a violência no ambiente escolar, é preciso do apoio de toda a comunidade no repasse de informações às autoridades. "Na maioria dos casos, há indícios [de um possível crime]. Se todos ficarmos atentos, podemos prevenir e evitar que isso aconteça de novo". Eles reforçaram a importância de os pais estarem atentos às atividades dos filhos nas redes sociais. Qualquer atitude suspeita deve ser informada às autoridades.

O delegado dr. Rafael Gomes e o investigador Roney Vilaça afirmaram que a Polícia Civil trata o tema de forma especializada, criou um grupo de trabalho e já realizou diversas diligências com a abordagem de pessoas suspeitas e visitas a escolas. Uma delas chegou a se tornar um inquérito policial para apuração da situação, quando houve apreensão de celulares e computadores. Todas as investigações foram arquivadas porque verificou-se que não havia riscos à comunidade escolar.

Eles orientaram que as pessoas não devem compartilhar informações relacionadas a casos de violência nas escolas, porque isso "propaga o 'efeito copycat', que é quando mentes doentias que já estejam traçando o caminho da violência acabam querendo se espelhar nos agressores para se aproximar deles ou até superá-los. Sobretudo, não se deve nem falar da motivação desses crimes", ressaltou Vilaça. A instituição ainda continua ativa com o trabalho de palestras de orientação aos alunos do ensino médio. Eles apontam que a população precisa estar atenta aos sinais apresentados por possível agressores antes do cometimento do crime.

O secretário municipal João Paulo Bueno também apresentou as ações tomadas pelo Executivo e pela Guarda Municipal. Ele informou que estão sendo instaladas câmeras nas escolas e foi iniciado um projeto piloto de monitoramento 24 horas, que inicialmente abrange sete unidades de ensino. "Vai ficar muito mais fácil trabalhar porque, tendo monitoramento de toda a parte externa das escolas, qualquer situação suspeita a gente já manda uma viatura para o local. Estamos trabalhando muito para atender todas as escolas da melhor forma possível e a tecnologia vai ajudar bastante".

Além disso, a Guarda prossegue com o trabalho de ronda nas escolas de forma rotativa, a fim de atender a todas as instituições. Semanalmente, uma viatura vai até as escolas rurais para o projeto Educando para o Trânsito.

Vereadores destacam importância da família, do trabalho e de medidas preventivas

O vereador Pedro Delfante reforçou que "as mudanças estruturais devem começar na educação e na família" e citou a importância de atividades como religião, esportes, atividades culturais para evitar o envolvimento das crianças e jovens com o crime. Juliano Reis mais uma vez destacou a obrigação dos pais que fiscalizar a atividade dos filhos nas redes sociais. Nesse contexto, Antônio Picirilo confirmou que é necessário o apoio da família, que precisa ensinar disciplina aos filhos e orientar sobre os perigos do ambiente digital.

O vereador Vinicio Scarano solicitou que todas as escolas municipais tenham sistema de monitoramento de vídeo e alarme de segurança. Já Sergio Gomes lembrou que, em junho deste ano, enviou ofício ao presidente do Senador Federal, senador Rodrigo Pacheco, pedindo providências para proporcionar segurança à comunidade escolar. No documento, ele sugeriu medidas como: instalação de portas giratórias com travamento de metais; monitoramento de filmagens nas entradas e saídas das escolas; punições mais severas aos infratores que cometem tais atos violentos; e a criação de um canal de denúncia sigilosa, de modo a incentivar a participação ativa na prevenção desses incidentes.

Lisandro Monteiro disse que aos jovens deveria ser permitido começar a trabalhar mais cedo. Com isso, não ficarão ociosos e com tempo livre para atividades digitais no celular. "Se o adolescente estuda de manhã, tem que trabalhar de tarde, nem que for quatro horas. Se estiver trabalhando, não vai estar lembrando do celular". O vereador José Luiz das Graças concordou com o parlamentar. Segundo ele, o jovem quer ter recursos próprios para sair com os amigos, comprar uma roupa e fica acessível à criminalidade. "A escola de período integral é importante e deve ser ampliada, mas é preciso uma política pública para que essa família possa manter o estudo em período integral e viver dignamente", opinou.

Tribuna e homenagem

No começou de outubro, o investigador Roney Vilaça já havia ocupado a tribuna para falar sobre o tema da segurança nas escolas. Nesse momento, ele reforçou a importância do trabalho preventivo para evitar possíveis novos crimes no ambiente escolar.Falou também do trabalho de palestras realizados com alunos do ensino médio da rede pública e particular.

O objetivo é de levar conhecimento aos alunos e profissionais sobre sinais de instabilidade emocional em um possível infrator. "Uma mente que esteja em instabilidade pode ou não entrar para o caminho da violência, mas com certeza ela precisa de ajuda. Os alunos estão sendo preparados para reconhecer nos seus pares pessoas que estejam talvez sofrendo um abuso físico, sexual, uma privação das suas necessidades básicas, sociais. Estão sendo instigados, de forma altruísta, a se colocar no lugar do outro, evitando a ocorrência do bullying e do cyberbullying e conhecendo os caminhos de denúncia que existem para isso", contou o especialista.

Ele destacou também que não existe o anonimato total na internet, e que infratores são identificados e responsabilizados. Nas escolas, policiais civis ensinam aos alunos que informações sobre o fato e sobre o infrator não devem ser compartilhadas. "Essas pessoas doentes, em geral, não estão preocupadas em serem presas ou mortas. A única preocupação que elas têm é ganhar notoriedade para os seus feitos maléficos. A maior punição que nós, como sociedade, podemos dar a um agressor ativo é justamente relegá-lo ao esquecimento", explicou.

Na sessão ordinária do dia 09/10, o investigador Roney Vilaça recebeu Moção de Congratulações, por indicação do vereador Antônio Picirilo, pelo projeto da Polícia Civil de Minas Gerais voltado para a prevenção à violência escolar por meio de palestras informativas. A Câmara Municipal reconhece que a vasta experiência do investigador Roney Vilaça como policial civil e professor, aliada aos estudos especializados em prevenção e resposta a eventos críticos com agressores ativos, promovem contribuição fundamental para a criação de um ambiente de ensino seguro, acolhedor e propício ao desenvolvimento pleno dos alunos.

Toninho Picirilo agradeceu o trabalho realizado. "Fico muito feliz porque é sinal que os órgãos de segurança pública estão atentos ao que está acontecendo no nosso país. Que vocês tenham força para dar continuidade a esse trabalho porque não existe outro caminho a não ser a prevenção".